Novo cônsul-geral dos EUA em São Paulo quer facilitar emissão de vistos para brasileiros

Richard Glenn assume o posto na próxima segunda-feira, dia 22/07

Por Gilberto Amendola

18/07/2024 | 14h30

Na próxima segunda-feira, dia 22, Richard Glenn, 49 anos, assume o posto de novo cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo – substituindo David Hodge, que está indo para a Flórida.

Antes de assumir o posto em São Paulo, Richard H. Glenn, foi o chefe da embaixada dos Estados Unidos em Santiago, no Chile. Ele também já atuou como Vice-Secretário de Estado Adjunto no departamento de Assuntos Internacionais de Narcóticos e Aplicação da Lei.

Nesta entrevista, Glenn fala sobre eleições nos EUA, NFL, novas parcerias no Brasil e a vontade de experimentar a pizza de São Paulo. A seguir:

Para você

Qual a expectativa do senhor ao assumir o Consulado em São Paulo? Quais projetos pretende desenvolver?

Assumir a liderança do Consulado Geral dos Estados Unidos em São Paulo no ano em que celebramos 200 anos de relações diplomáticas entre nossos países é uma enorme satisfação e um grande desafio, por se tratar de um posto diplomático de proporções compatíveis ao tamanho e à importância da cidade. Nossa principal responsabilidade é prestar assistência aos cidadãos norte-americanos. Mas também temos um grande compromisso com os brasileiros. São Paulo é a principal operação consular dos EUA no País, e uma das maiores do mundo. Em 2023, a Embaixada e Consulados dos EUA no Brasil emitiram um recorde de 1,12 milhão de vistos, sendo quase a metade processada em São Paulo, o maior número em quase uma década. Adoraria ver nossa equipe facilitar um número ainda maior de vistos para brasileiros que desejam viajar legalmente para os Estados Unidos. Em um estado como São Paulo, as possibilidades de projetos são inúmeras. Além das áreas já citadas, meu foco será criar parcerias em comércio, agricultura, ciência, tecnologia, clima e segurança, promovendo liberdade e igualdade.

Quais locais de São Paulo gostaria de conhecer? Restaurantes, museus… Aliás, tem alguma personalidade brasileira (político, artista) que gostaria de encontrar?

Eu e minha mulher Holly estamos ansiosos para conhecer a famosa diversidade cultural e gastronômica de São Paulo, Paraná e Mato Grosso do Sul. Em especial a pizza paulistana, o barreado de Curitiba, e o arroz carreteiro campo-grandense, cujas reputações já chegaram aos nossos ouvidos. Queremos também visitar os renomados museus da cidade, como o MASP, o Museu Afro-Brasil, o Museu do Futebol, da Língua Portuguesa, e também aproveitar a programação dos vários centros culturais. Tenho certeza de que teremos oportunidades de conhecer figuras importantes da cidade, mas queremos mesmo é conhecer os paulistanos. Gostamos muito de atividades ao ar livre, então, com certeza frequentamos bastante os parques da cidade e a ciclovia – até porque adoramos esportes. Também está na nossa lista assistir ao nosso primeiro jogo de futebol e conhecer melhor os times de São Paulo.

Esse ano SP vai receber o seu primeiro jogo da NFL. Qual a importância do evento para a relação EUA-Brasil? Como o consulado vai participar? E, claro, qual o time do senhor na NFL?

Ficamos muito felizes que a NFL tenha escolhido São Paulo para o seu primeiro jogo na América do Sul. O jogo não representa apenas a expansão da NFL no País, mas o fortalecimento do vínculo entre nossos povos. Especialmente neste ano em que comemoramos o bicentenário da relação diplomática Brasil-EUA. Eventos esportivos de grande porte como esse materializam essa união, com brasileiros e norte-americanos torcendo juntos. Nossa expectativa é que muitos norte-americanos venham a São Paulo para assistir ao jogo, alguns deles visitando o País pela primeira vez. Já para os milhares de brasileiros que estarão no estádio, será também a primeira vez que experimentarão a emoção de um jogo de futebol americano. E o Consulado dos EUA quer aproveitar esse clima de entusiasmo com todos. Quanto à minha torcida, oficialmente, eu torço para que tenhamos um ótimo jogo. Pessoalmente, meu time é o San Francisco 49ers, e eu adoraria vê-los jogar em São Paulo, com a cidade entrando permanentemente para o calendário dos jogos.

Os EUA estão em pleno processo eleitoral. Como a vitória de um ou outro candidato interfere no trabalho do senhor no Brasil?

Como diplomata de carreira há 25 anos no serviço público, já trabalhei sob diferentes administrações, tanto de democratas quanto de republicanos. Embora nossa função seja representar e implementar as políticas definidas pelos presidentes, a base do nosso trabalho são as relações entre nossas instituições e nossos povos, independente de quem esteja no poder. No caso de Brasil e Estados Unidos, como já mencionei, são 200 anos de uma sólida relação diplomática, traduzida em amplas e duradouras colaborações que vêm gerando prosperidade econômica e social para os dois países. Os Estados Unidos são, de longe, os maiores investidores do Brasil, mais de 1 trilhão de reais, com forte potencial para crescer ainda mais.

Como o senhor está vendo o atual momento político dos EUA e como isso afeta seu trabalho?

Por mais que haja discordância de pontos de vista, algo que é saudável em uma democracia, violência nunca deve ser o caminho para resolvê-la. Nos Estados Unidos, estamos todos unidos para garantir que nossa eleição seja pacífica, transparente e justa. Como cônsul-geral dos Estados Unidos em São Paulo, pretendo incentivar intercâmbios profissionais, palestras e debates para promover e fortalecer os valores democráticos compartilhados, assim como iniciativas de combate à desinformação, de modo a contribuir para que haja integridade da informação sobre nossos pleitos.

Como foi a experiência no Chile? E como ela pode contribuir para o seu trabalho no Brasil?

Tivemos uma ótima experiência em nossos três anos no Chile, onde chefiei a Embaixada, em Santiago, por três anos. Fizemos grandes parcerias, das quais eu destacaria a cooperação científica e espacial; o apoio à maior e mais ativa Comissão Fulbright da América Latina, que ajudou centenas de estudantes chilenos a estudar em prestigiosas universidades nos EUA; o apoio ao investimento do setor privado norte-americano; e o compartilhamento de tecnologia para auxiliar na revolução da energia verde no Chile. Acho que essa experiência em energia verde será fundamental para o momento que o Brasil vive hoje. O mundo todo está olhando para o que o país está fazendo nessa área e há grande interesse por parte dos investidores dos Estados Unidos.

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